Durante muito tempo, achei que tinha motivos para não gostar do mês de agosto. Talvez por gostar muito do mês de setembro, da chegada da primavera, dos prenúncios do final do ano. Entendia o mês de agosto como um perÃodo sombrio, sem muitas atividades ou novidades. Além disso, há uma cultura popular que não simpatiza muito com agosto. Tudo isso me fez desconfiar deste mês, do seu potencial de trazer boas notÃcias e gerar felicidade.
Com o passar do tempo, a minha percepção foi se modificando. É incrÃvel como as pessoas vão mudando no decorrer da vida, pelo menos no que diz respeito ao entendimento e à valorização de fatos, mudanças, perÃodos. O tempo vai mudando nosso olhar e a sensação de viver esta metamorfose é inigualável. Talvez esteja aà a vantagem de envelhecer. Aprendemos a enxergar de forma clara as nuances do cotidiano. Nossos olhos e nosso coração vão aos poucos se libertando do que não tem importância.
E foi assim que mudei minha relação com o mês de agosto. Hoje o vejo como um mês com caracterÃsticas muito próprias. Ele é dono de si. Tem um aspecto sisudo, mas, no fundo, nos envolve e nos impulsiona. Quando ele chega, estamos em plena atividade, desenvolvendo os projetos do ano. Já é possÃvel avaliar como está sendo a caminhada e fazer os ajustes para chegar bem ao final. É um mês de renovação, de preparação para a corrida que começa logo ali. Parece longo, apesar de ter os mesmos 31 dias de outros meses, mas é o perÃodo necessário para nos prepararmos para a primavera, para os dias mais longos, para o final de mais um ciclo. Eu gosto de agosto.
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